sábado, maio 26, 2007

Plantei uma arvore

Ontem tive uma experiencia simples mas forte. Plantei uma arvore.

Atraves de um dos meus novos amigos, Oliver, que me perguntou na noite anterior se queria ir juntamente com o Arnold (holandes), Alex (Bangladeshi de origem Chinesa e Koreana) e o grupo Roots and Shoots.

Assim fomos as 7 da manha num grupo de cerca de 30 pessoas. Chegados la estivemos a ver o trabalho deste grupo integrado num projecto do Pai e Mae do Oliver. Eles trabalham directamente com os lideres locais que desenvolvem um trabalho de segmentar e perceber quem e que sao os grupos mais pobres e fragilizados dentro da comunidade. Depois dirigem programas orientados para estes grupos. Ou seja, na zona onde fomos o rendimento e baseado nas fisheries, mas isso tem se tornado um problema com poluicao das fabricas de garnment e doencas endemicas. Assim os projectos sao baseados na diversificacao do rendimento das pessoas.

No Bangladesh a fruta e um luxo por isso esses lideres definiram uma terra que esta partilhada por varias familias e plantamos arvores de fruto. Estas arvores tem um custo aproximado de 100 dolares mas podem dar (cada uma) um rendimento anual a cada familia de 400 dolares o que significa um grande aumento na qualidade de vida destas pessoas. Um dos problemas e que estas arvores vao demorar 7 anos ate darem os primeiros rebentos.

Um dos grandes problemas do Bangladesh nao e a inexistencia de projectos mas a incapacidade de esses projectos serem integrados na comunidade de forma a que a comunidade valorize e usufrua dos resultados. Normalmente estas iniciativas caem por nao terem a cooperacao dos lideres locais.

Houve um momento especial.
Enquanto nos e rapazes da escola local cavavamos reuniram-se grupos de pessoas a volta de onde trabalhavamos. Um desses grupos era um grupo de 3 rapazes que estava a ver as raparigas e riam do nosso esforco talves por nao o compreenderem. Um dos rapazes que estava a plantar arvores comigo disse-me num razoavel ingles que eles estavam a gozar comigo. Mais tarde aproximaram-se e perguntei num bangla arcaico: "kaeno kaj koro na?" que quer dizer "porque e que nao trabalham?". Um dos rapazes rapidamente falou num bangla que nao compreendi e que o Arnold replicou num bangla agressivo para eles nao gozarem. Sentiram-se pressionados. Mais tarde voltaram timidos... perguntei "Help?". Rapidamente os 3 rapazes puseram as maos na mesma terra que eu o Arnold e os dois outros rapazes e recolocamos no buraco com a arvore. Perguntei-lhes os nomes. De repente estavamos os 7 a plantar 3 arvores de cada vez.

Senti uma frase que o meu pai disse: "O processo e o mais importante." A maneira facil era focar no objectivo de plantar arvores mas comunicando com os rapazes abrimos a oportunidade de poderem dar o seu contributo. O objectivo foi atingido mas o processo abriu as portas para compreenderem a importancia de plantar estas arvores, ajudar, partilhar esforco, e os outros frutos podem esperar os 7 anos.

Se quiserem saber mais sobre este grupo: http://www.ais-dhaka.net/Roots_Shoots/index.html

quinta-feira, maio 24, 2007

Portugueses (ao som de "Pratica(mente)" de Sam da Kid)

Anteontem fui-me despedir de uma Holandesa que esteve a fazer um estudo sobre a educacao no Bangladesh e na India. As conclusoes dao para um novo Post! Continuando....

Combinamos juntar um pequeno grupo na Alliance Francaise na zona de Dhamondi. Decidi ir ape de onde trabalho ate la. E aproximadamente 1 hora a pe com um calor que nos desfaz. Cheguei encharcado e bebi um cafe (uma agua preta de um nescafe soluvel). Tinha saudades... Esperei e chegou ela com a comitiva de despedida. No grupo conheci uma pessoa que se chama Paul James Gomes, Film maker. Depois de saber que eu era portugues disse-me que ele tinha descendencia Portuguesa. Disse-me que ha algumas igrejas espalhadas pelo Bangladesh do tempo dos portugueses e dos armenios. Ha uma igreja em Dhaka que se chama Portuguese Church. Isto fez-nos falar sobre a actual falta de ligacao historica e falta de conhecimento no mundo sobre o que os portugueses fizeram e a sua influencia.

Mais do que isso... Noutro dia falava com o meu amigo, activista politico, um lider e visionario, hindu, Monon (que quer dizer visao). Que me perguntou; " O que e que aconteceu a Portugal?", "Onde estao os piratas portugueses?". Senti aquela identidade ligada ao saudosismo emergir e revibrar no meu peito.

Comentei isto no primeiro jantar que reuniu toda a comunidade portuguesa neste pais. E obviamente todos nos criticamos a mentalidade portuguesa actual, aquele animismo, amorfismo, aquela falta de espirito, aquela mentalidade pequenina... (comunidade de 4 portugueses)

Outra pequena historia... A minha amiga Junia que vive na mesma casa de trainees que eu, falou-me tambem dos judeus portugueses de Amsterdao. Uma comunidade de cultura elevada, de classe alta que viviam do comercio e influenciaram em muito a ascencao da Holanda do sec XVII. O seu meio irmao e descendente desses judeus portugueses.

Gostei deste conjunto de eventos que me fizeram sentir... em casa...mas...

Reaccao tipica! AH ERAMOS TAO GRANDES E AGORA SOMOS TAO PEQUENOS... Sinto que isto depende apenas da atitude de cada um. Penso que esses portugueses que descobriram, se misturaram, partilharam, lutaram, eram apenas pessoas que estavam imbuidos de uma cultura, um estado de espirito de descoberta, aprendizagem e mentalidade aberta ao risco.

Temos que aprender a olhar para o passado para projectarmos o futuro.
EU DIGO NAO AO SAUDOSISMO! Luto por algo mais e valorizo a aprendizagem. Aprender e o segredo!
Quando vemos a vida como uma aprendizagem podemos sempre fazer a diferenca.
Em casa, no trabalho, em Portugal, no Bangladesh ou na Quinta da Serra que e um bairro de Luso-africanos (e "apenas" um bairro de barracas no meio do betao). Aprender e viver. Quando achamos que sabemos tudo... paramos de aprender... perdemos humildade e ficamos secos...

quarta-feira, maio 23, 2007

Ensaio sobre a cegueira

Hoje acordei irritado! Muitas vezes tenho este sentimento pouco nobre... E a pressao de uma sociedade em que o teu espaco e mais limitado por haver mais gente. As pessoas interferem directamente nas tuas coisas sem se aperceberem que isso cria um certo desconforto.

A primeira reaccao e obviamente tentar proteger o meu espaco. O que inicialmente funciona. Mas a medida que o tempo passa esse espaco e diminuido com essa pulsao natural das pessoas entrarem no que eu considero o meu espaco natural. Para elas esse espaco vagamente existe. Especialmente num pais onde muita gente vive em espacos limitados.

E uma especie de quadro em que as pessoas saem da tela e veem ter connosco e trazem um ruido ensurdecedor. Agora imaginem que na mesma tela num segundo e terceiro plano tem uma sociedade em que nao conseguem compreender os sinais, os simbolos, os icons, as letras, comportamentos, ou o que nos dizem.

Parece-me que a pulsao natural de proteger e uma decisao sem frutos... apesar de ser natural. Acho que o segredo e conseguir ler os pequenos sinais que sao comuns a quaisquer humanos. Ler os olhos das pessoas, as atitudes, a forma como se aproximam. Ou seja o segredo nao e lutar contra a pressao mas utilizar a energia que ela tem para poder aprender a ser humano.

terça-feira, maio 22, 2007

Lost in Bangladesh Translation

O Bangladesh e um pais fortissimo, cheio de vida, pessoas por todo o lado! Literalmente!

E o pais com maior densidade populacional no mundo. Sao 145 milhoes de pessoas na mesma area que Portugal ocupa.
Sao 145 milhoes de pessoas! Sao metade da populacao dos Estados Unidos, todos no estado de Nova Iorque. Sao toda a populacao da Russia em Portugal.

Podemos mesmo ver assim: se em Portugal quando olho a volta vejo 1 pessoa, aqui vejo... 14!!!

Um segundo dado que me parece extremamente relevante e o nivel de pobreza e a forma como as pessoas interagem com esse conceito.

No momento em que se chega ao Bangladesh (para quem nunca esteve noutro pais em desenvolvimento como eu) temos a sensacao de que todas aquelas pessoas sao pobres... desde o rikshaw puller passando pela menina que vende colares de flores na rua ou ate mesmo a pessoa que trabalha numa loja na zona rica da cidade. De facto quando comecas a viver aqui, percebes que ha realmente muitas diferencas... muitas mesmo... e que aquilo que te parecia pobre passa a ser rico... Depois todo o teu conceito de pobreza muda...

Estes foram as minhas 2 primeiras sensacoes fortes que tive ao chegar a este pais de cultura forte e costumes intrincados.
 

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